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Primeiramente, é importante esclarecer que Inclusão se refere quando a pessoa envolvida e a sociedade/Educação estão juntas e unidas para ambas as partes se adaptarem e ficarem inseridas entre si. Assim, o foco é a interação entre as pessoas, independente das suas dificuldades, limitações, diferenças e individualidades. Isto significa que não é a existência das características predominantes que deixa a pessoa mais inclusa ou menos inclusa, mas a união das diferenças de TODOS que faz a inclusão acontecer.

Contudo, os ouvintes têm o paradigma que os surdos têm a obrigação de aprender a língua Portuguesa, já que é a língua da maioria dos brasileiros. De fato, é importante o surdo aprender a gramática, não a oralidade. Mas por que os ouvintes também não precisariam aprender Libras (Língua Brasileira de Sinais)?

 

Libras e Ouvintes

 

Pois é, as pessoas precisam respeitar as diferenças do surdo e sua identidade, aceitando que a linguagem do surdo é Libras e é essa sua maneira de ver o mundo. Isso leva a pensar a necessidade de ter uma preparação dos ouvintes entenderem Libras, para que o surdo se sentir incluído na sociedade, ou até na sala de aula, e ambos conseguirem se interagir e se comunicar.

Por outro lado, também é importante os surdos entendam o português, sem deixar Libras. Isto é, o surdo não pode achar que porque os ouvintes não saberem Libras é preconceito. Basta o surdo ter paciência de ensinar o ouvinte a se comunicar com ele.

Assim, mesmo que ambos tenham dificuldades de compreender a língua do outro, precisam aprender a se comunicar entre si, já que ouvintes e surdos sempre estarão convivendo dentro da mesma sociedade. Isso significa que o surdo tem as mesmas capacidades de se comunicar como qualquer ouvinte, apenas precisa da boa vontade e determinação de ambos para a comunicação acontecer.

Se as pessoas aceitassem as diferenças e valorizassem suas potencialidades e individualidades, será que as pessoas não teriam mais acessibilidade e empatia com o outro?

 

Escola bilíngue é bom?

 

Estas questões levam as pessoas a se questionarem sobre a escola bilíngue (português e Libras). Entretanto, é possível rever quando se fala de interação entre as pessoas com necessidades especiais na educação. De fato, a escola bilíngue pode ter ouvintes e professores surdos e isso pode facilitar a educação dos surdos. Porém, pode-se pensar que essa escola não seria mais uma maneira de exclusão?

Além disso, pode se imaginar que teria menos pessoas interessadas em aprender Libras e a se comunicar com surdos, já que haverá escolas especializadas para tal questão. Com isso, o surdo e sua família não terão a liberdade escolher a escola que deseja, formando um espaço isolado para os surdos se comunicarem e interagirem.

Desta forma, vale a pena refletir sobre esse assunto, pois se todos forem tratados iguais, como que as pessoas irão ser desafiadas e levadas a se desenvolver e aprender? Por isso, cabe afirmar que são pelas diferenças e individualidades que acontece trocas de experiências, aprendizagem, desenvolvimento pessoal e uma maior tolerância e sensibilidade diante do outro.

Por isso, acredita-se que uma escola especial, classe especial ou uma escola bilíngue não seja a melhor maneira da interação entre ouvintes e surdos, pois não terá uma relação desafiadora entre o ouvinte e o surdo a desenvolverem e aprenderem.

Por outro lado, concordo que o surdo vai se sentir bem convivendo com todos aqueles que têm as mesmas dificuldades dele. Dito isso, também é valido afirmar que é importante não acabar com estas instituições. Isto é, convivendo com as diferenças e desafios na escola regular, sem parar de frequentar estas instituições, já que tudo indica que é um ambiente com estimulações também necessárias para o surdo, como qualquer outra pessoa que precise de mais estimulações além da escola.

 

O desafio!

 

O grande desafio na educação para surdos é incluir essas pessoas na escola regular, sabendo que a primeira língua dos surdos é Libras, no mesmo modo que para ouvintes é o Português, sem deixar de ensinar surdos junto com ouvintes as duas formas de se comunicar (Português e Libras), respeitando e aceitando o ritmo de aprendizagem e individualidades de cada um.

Assim, futuramente o termo “Minha escola é inclusiva” ou “Essa pessoa é de inclusão” se transforme em “Eu aceito a diferença do outro.” e “Todas as pessoas têm suas dificuldades”.


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