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É comum as pessoas acreditarem que ter bastantes habilidades e ter notas acima da media faz da pessoa ter potenciais e ser capaz de conquistar melhor seus objetivos. Pensar assim é natural, já que aprendemos que é assim que a pessoa se satisfaz profissionalmente e pessoalmente. Mas será?

O filme “Um laço de amor” discute sobre isso ao mostrar Mary (Mckenna Grace), uma menina prestígio. Mesmo assim, seu tio Frank Adler (Chris Evans) planeja oferecer uma vida escolar normal para a jovem de sete anos.

Desde já, o filme deixa um questionamento: Frank está fazendo o melhor para sua sobrinha? Pois é, é evidente que não pode esquecer-se desses potenciais e habilidades, porém não pode esquecer também que ela é uma criança e que precisa ser valorizado a lado infantil.

Isto é, como Mary já tem seus potenciais e habilidades explícitas, cabe ressaltar que ela também tem dificuldades, sentimentos desejos que também precisam ser valorizados e aceitos. Já que todos tem o direito de ter suas individualidades e características próprias.

Entretanto, os planos de seu tio são frustrados quando as habilidades de matemática de Mary chama a atenção da mãe de Frank, Evelyn (Lindsay Duncan), que possui outros planos para a neta, que podem separar Frank e Mary.

Depois disso, a história toma outro rumo. Existem crenças que ter altos potenciais podem trazer muitos benefícios e realizações. Porém é evidente que também pode trazer frustrações e exclusões das suas outras habilidades sociais e individualidades.

Sua avó, Evelyn, demostra que a lado infantil e suas individualidades precisam deixar de lado para quando se tem altas habilidades e potenciais evidentes. Continuando com essa mesma filosofia, acredita-se que o brincar também é considerado uma atividade atrasada e inadequada para o amadurecimento e desenvolvimento da pessoa, sendo esquecido.

De fato, muitas pessoas não colocam um espaço para o lúdico, importando-se apenas com o racional, pensando que apenas a aprendizagem e o desenvolvimento humano só acontecem de maneira objetiva e centrada nos estudos. Entretanto, o que talvez as pessoas não saibam é que o brincar é um meio natural da pessoa se expressar, conseguindo explorar seus sentimentos, atitudes e se libertar de suas tensões reprimidas e seus sentimentos. Essa experiência do brincar dá a possibilidade da pessoa testar e perceber seus sentidos, ações, sentimentos, reações e relações com os outros. Assim, o brincar pode ser uma atividade bastante aproveitável para o desenvolvimento, amadurecimento e, inclusive, para a aprendizagem.

Com essa analise, cabe cada pessoa aceitar o outro como ele é e entender que, independente das limitações ou altas habilidades, todos têm capacidade de pensar, sentir, aprender e, inclusive, comunicar-se uns com os outros. Isto é, cada um tem suas próprias individualidades, limitações e potencialidades, sendo todos diferentes uns dos outros. Também, os ritmos e os limites de aprendizagem são diferentes, tendo maneiras diferentes de como lidar com as superações e dificuldades de cada um.

Portanto, vale afirmar que é essencial ser diferente e ter suas individualidades, pois são pelas diferenças que a pessoa se torna crítica e reflexiva, aprendendo o verdadeiro significado de ser diferente. Por sua vez, aprende com o outro, o que para o outro é uma dificuldade, trocando experiências, habilidades e dificuldades. Com isso, são pelas diferenças e individualidades que as pessoas se tornam únicas.

Então, é por acreditar nas potencialidades que cada pessoa consegue grandes vitórias e aprendem a ter mais coragem e determinação para superar seus próprios limites, descobrindo novas habilidades e desafios. Afinal, cada pessoa sabe os obstáculos e dificuldades que são superados dentro de si.

Enfim, esse filme é recomentado para refletir sobre valorização exagerada dos potenciais, discutindo sobre o equilíbrio das individualidades, dificuldades e potencialidades de cada um. Por isso, finalizo com mais um questionamento: O que seria melhor para uma criança com habilidades maiores do que outras da sua idade?


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