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Infelizmente vejo muitas pessoas com necessidades especiais que se consideram e são consideradas como incapazes de ter uma vida igual a qualquer outra pessoa. Por pensarem assim, priorizam as dificuldades e limitações. Com isso, as pessoas com necessidades especiais se isolam e não se permitem serem livres para terem suas próprias escolhas e terem sentimentos de superação.

O filme “A culpa é das estrelas” conta a historia de uma adolescente que tem câncer na tireoide com metástase nos pulmões que conhece um garoto que amputou uma perna em decorrência do câncer nos ossos. No momento em que o Augustus conhece a Hazel e ele pergunta para ela qual é sua história, ela começa a contar sua história do câncer e ele logo a interrompe e questiona-a que quer saber sua história de vida, suas emoções, prazeres, angustias.

Todos devem estar se perguntando o que tem haver esse filme sobre câncer e o assunto desse texto. Na verdade, mostrei esse exemplo, pois quando vi a cena que comentei, fiquei pensando que pessoas com qualquer tipo de dificuldade, principalmente aquelas classificadas como pessoas com necessidades especiais, se prendem e focam mais nas suas limitações e problemas e esquecem de valorizar e olhar suas potencialidades, prazeres, angustias, sentimentos e emoções.

Essas classificações das outras pessoas e das próprias pessoas com necessidades especiais melhoraram bastante, porém ainda tem que melhorar a interação entre elas. Acredito que essa classificação acontece pelo pouco conhecimento sobre esse assunto, por isso acabam as evitando e, consequentemente, por elas se sentirem incompreendidas, também evitam as outras pessoas.

Por tentarem evitar um possível preconceito e isolamento, existem escolas que separam os alunos com dificuldades maiores. Esse assunto é polêmico, mas fico me perguntando o que esses alunos que ficam nessas salas especiais ficam se sentindo e pensando ao ver os outros colegas de outras salas tendo outra rotina escolar. Penso que além de se sentirem incapazes já começam a se isolar e os outros colegas, que os veem em sala especial, já começam ter receio de se interagir com as pessoas com necessidades especiais e o preconceito acontece.

Também acredito que se a pessoa com necessidade especial está em uma sala especial, onde todos são iguais a ela, quem vai desafiá-la e levá-la a desenvolver? Por isso é importante essa interação aconteça, pois aprendizagem e o conhecimento são construídos pela interação com o outro e pelo desafio de superação. Assim, essa interação entre ambos tem vantagens sociais significativas, pois ambos vão se interagir entre eles e as pessoas, em geral, aprendem a ter uma maior tolerância e sensibilidade diante do outro, aceitando as diferenças.

Além disso, especialistas garantem que o cérebro tem enorme capacidade de se reorganizar e dar “cobertura” para as deficiências. Com isso é possível afirmar que não é necessário que essas pessoas fiquem em classes especiais e separadas das outras pessoas, podendo e tendo o direito de interagir com outras pessoas consideradas sem nenhuma dificuldade nomeada e classificada.

Contudo, para essa Inclusão acontecer de forma adequada e agradável, é importante que existam adaptações para as pessoas com necessidades especiais, principalmente no ambiente escolar, para que se sintam aceitas. Portanto, cabe afirmar que, além dessas pessoas, todas as outras têm suas individualidades, experiências, potencialidades, dificuldades e ritmos próprios de aprendizagem, tornando cada pessoa como única e diferente umas da outras.

Em suma, é importante observar primeiro as potencialidades antes das limitações, já que todos têm suas diferenças, não tornando ninguém mais ou menos merecido de aceitação e respeito.

Enfim, acredito que uma Inclusão agradável a todos é aquela que seja comum nas tarefas rotineiras, não sendo uma palavra assustadora e classificadora para um possível preconceito. Assim, espero futuramente que a frase “Minha escola é inclusiva” ou “Tenho um aluno de inclusão” se transforme em “Minha escola aceita a diferença.” e “Todos meus alunos têm suas dificuldades.”.


Compreensão diferenca Dificuldades Humanista inclusao Individualidades Limites Paradgma Potencial Sentimentos Valorizaçãopsicóloga vanessa sardisco